Racistas não passarão!

UFSM abre sindicância para apurar casos de ataques racistas

Michelli Taborda

A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) divulgou, na noite de domingo, uma nota oficial sobre as reivindicações feitas pelos estudantes negros e pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE) no prédio da reitoria, na semana passada. Desde a manhã da última sexta-feira, os alunos estão ocupando o prédio, em ações de repúdio aos três casos de racismo ocorridos na instituição em menos de quatro meses. Segundo a nota, assinada pelo reitor Paulo Burmann, uma sindicância foi aberta para investigar a autoria dos ataques.

Alunos fazem manifestação contra o racismo na UFSM

Segundo o ouvidor da UFSM, Jorge Renato Alves da Silva, será nomeada uma comissão composta por, pelo menos, dois servidores da instituição, para que sejam apuradas as circunstâncias do último caso, quando alunos do curso de Ciências Sociais encontraram frases racistas e o nome de três colegas escritos nas paredes do diretório acadêmico do curso, no dia 21 de novembro.

– Ainda não há um código discente bem definido sobre essas situações e, por conta disso, nos amparamos muito no Código Penal. Depois de montada a comissão, haverá o prazo de 30 dias para investigação e coleta de materiais que possam ser usados como prova, como vídeos, áudios, documentos... A partir disso, será decidido se o caso será arquivado ou se será instaurado um processo investigativo contra os envolvidos – explicou Silva.

Leia a íntegra da nota divulgada pela UFSM:

Além disso, a Ouvidoria ressaltou que está disponível 24 horas para receber denúncias de problemas ocorridos na instituição. Para isso, os alunos precisam acessar a página da Ouvidoria e clicar na aba "Manifeste-se". É possível anexar áudios, vídeos, fotos e quaisquer documentos que possam auxiliar na apuração dos casos. Outro canal oficial de atendimento é pelo e-mail [email protected]

– Nós ficamos disponíveis 24 horas por dia, todos os dias, para atender e ouvir os alunos. Com o que aconteceu nos últimos meses, estamos dando um tratamento muito sério a essa situação, mas é preciso, sempre, o máximo de materialidade para que possamos dar o encaminhamento dos casos – conclui o ouvidor.

PARA DENUNCIAR

Acessar a página da ouvidoria, no site da UFSM e clicar na aba "Manifeste-se"
– A denúncia pode ser feita por e-mail, com todas as informações possíveis, enviando para [email protected]
– Também há um telefone que fica disponível 24 horas por dia. Basta ligar para (55) 99197-4471

OS CASOS

Desde agosto deste ano, é a terceira vez que os diretórios acadêmicos são alvos de manifestações racistas. O primeiro caso aconteceu no dia 17 de agosto, na sala do Diretório Livre do Direito (DLD), no prédio da antiga reitoria, no Centro. Os alunos encontraram o desenho de uma suástica na parede da sala, que não tinha chaves e ficava permanentemente aberta.

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Menos de um mês depois, no dia 14 de setembro, um novo ataque aconteceu, também na sala do DLD. Desta vez, frases com "Fernanda e Elisandro, o lugar de vocês é no tronco, fora negros, negrada fora", foram deixadas em uma das paredes. O caso gerou uma série de atividades de manifestação contra o racismo na instituição e os alunos participaram da Tribuna Livre da Câmara dos Vereadores, onde pediram um posicionamento por parte da UFSM.

Frases foram encontradas em uma das paredes do diretório das Ciências Sociais, no início desta tarde
Frases racistas e suásticas foram pichadas no diretório das Ciências Sociais na tarde do dia 21 de novembroFoto: Reprodução

O caso mais recente aconteceu no dia 21 de novembro, quando, ao chegarem à sala do diretório do curso de Ciências Sociais, no campus , alunos encontraram a frase "Brancos no topo, fora macacos" ao lado do nome de três alunos do curso, na parede da sala. Com isso, alunos negros da instituição realizaram um protesto na última sexta-feira, ocupando o prédio da reitoria e exigindo que a instituição se posicionasse frente aos atos ocorridos. 

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A Polícia Federal investiga os três casos, mas, até o momento, não há uma linha de investigação definida para apurar a autoria dos três ataques. Listas de chamadas e outros documentos também foram solicitados à UFSM para auxiliar nas investigações. Por meio da assessoria de comunicação, a PF informou que alguns alunos foram inqueridos para serem ouvidos até o final desta semana.

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